Conheça Francisco Antonio Marcucci e sua espiritualidade

FRANCISCO ANTONIO MARCUCCI
Retrato em tela do Fundador
Nasceu em Force (Ascoli Piceno - Itália) no dia 27 de novembro de 1717, filho de uma família rica e religiosa da cidade de Ascoli. Aos 17 anos, dócil à vontade de Deus, se consagra a Ele com o voto de castidade. Aos 23 é ordenado sacerdote e, inspirado pelo Espírito Santo funda, no dia 8 de dezembro de 1744, a Congregação das Irmãs Pias Operárias da Imaculada Conceição. A esta confiou a missão de ser na Igreja uma viva presença de Maria Imaculada indicando-a a todos como modelo de vida cristã e de promoção da dignidade da mulher de qualquer condição e idade, empenhando-se à sua instrução e educação. O Marcucci procurou acabar com a falta de formação do povo, especialmente aquela religiosa, com homilias que tocavam profundamente o coração de todos que o escutavam, porque era fruto de muita oração e estudo, usando uma linguagem simples e acessível a todos.
Durante a sua juventude, sob o exemplo de São Leonardo de Porto Maurício, prega missões nas cidades vizinhas à sua terra natal.

Foi sagrado Bispo de Montalto Marque no dia 15 de agosto de 1770 e eleito auxiliar do vigário do Papa no dia 19 de janeiro de 1774.

No seu governo pastoral, o nosso Servo de Deus, deixou um inesquecível sinal de virtude, de caridade criativa e de promoção social. Morreu santamente em Ascoli Piceno no dia 12 de julho de 1798. Foi definido o “São Francisco de Sales” dos nossos dias pela sua amabilidade, pelo zelo apostólico na pregação e pela proposta de uma santidade alegre, possível a todos, porque fundada em uma grande confiança em Deus e em Maria. 

BREVE BIOGRAFIA DE
MONS. FRANCISCO ANTÔNIO MARCUCCI
Maria Paola Giobbi
(Tradução para o português de Maria de Lourdes Dos Santos)
Francisco Antônio Marcucci nasceu em Force, uma
cidadezinha vizinha de Ascoli Piceno, no dia 27 de
novembro de 1717, filho de Giovanna Battista Gigli
e de Leopoldo. Foi batizado no mesmo dia na Igreja
matriz de Force, dedicada a São Paulo. Seus pais o
entregaram à proteção de Maria, da qual eram muito
devotos. Logo depois retornaram a Ascoli, onde
cresceu cercado da atenção amorosa de seus pais e
tios.
Aos 18 anos, atraído pela Virgem Imaculada, e em
sua honra, consagrou a Deus a sua vida com voto
perpétuo de castidade e encaminhou-se para o
sacerdócio, superando todas as dificuldades para
obter o consentimento dos familiares, que tinham
outros projetos para ele, único herdeiro da nobre
família. Na sua escolha, foi apoiado pela tia, a
Condessa Francisca Gastaldi, de Roma, que, desde o
mês de abril de 1731, substituía a falecida mãe de
Marcucci.
Estudou muito para adentrar na profundidade dos
mistérios da fé e se apaixonou pelas coisas de Deus.
Frequentou com vivo interesse e proveito as
melhores escolas da cidade: o Colégio dos Jesuítas,
perto da Igreja de São Venâncio, as Escolas dos
Padres Dominicanos, dos Padres Franciscanos e dos
Filipinos.
Alimentou a sua fé com uma intensa vida de oração,
com a frequência aos Sacramentos e confiou-se à
orientação espiritual de ótimos diretores espirituais.
Um religioso Jesuíta, do qual não se sabe o nome,
teve uma tarefa determinante na sua orientação de
vida; ele o encorajou na escolha sacerdotal, mas o
desaconselhou a entrar na austera Ordem de São
Francisco de Paula.
Em torno de 1738, o seminarista Marcucci teve
como confessor o sacerdote filipino Padre Giuseppe
Sardi, que o introduziu na espiritualidade de São
Francisco de Sales. Edificado do empenho do Santo
em ensinar que a santidade, segundo o próprio
estado de vida, era possível a todos, em 1740
escrevia uma obra intitulada “A vida comum
extraída das obras de São Francisco de Sales”, a
fim de propor novamente um caminho de santidade
para todos, fundada sobre o amor de Deus.
Anônimo, em cerâmica, cm. 35x29. Emblema de
mons. Francisco Antônio Marcucci, escolhido em
1741 quando se tornou sacerdote. Ele utiliza o
emblema da sua família, apresentado à direita, onde
são representados três montes, símbolos das
virtudes da justiça, da clemência e da equidade; a
balança reforça o símbolo da justiça. Na parte
esquerda, introduz a imagem da Imaculada, “delícia
do seu coração e escada para subir ao céu” e o
Espírito Santo. Mons. Marcucci se considera
propriedade de Maria, fruto de sua obra e seu
milagre. Por isso, ao nome de família, acrescenta
aquele da nova pertença: chama-se e assina até a
morte “Francisco Antônio da Imaculada
Conceição
As primeiras e mais importantes leituras de
Francisco Antônio, que abriram horizontes de luz no
seu caminho, foram as obras que relatam as vidas
dos padres Jesuítas Paulo Segneri (1624-1694) e
Antônio Baldinucci, (1667-1717) os quais tinham
promovido a renovação da pregação, através do uso
de uma linguagem simples, e compreensível,
ancorada na Sagrada Escritura e na moral.
Na escola destes grandes apóstolos e de S.
Francisco de Sales, Marcucci se dedicou a uma
intensa atividade de pregação, utilizando, também
ele, uma linguagem simples e clara, que chegava ao
coração de todos. De fato, estava convencido que a
causa dos muitos pecados do povo era a ignorância e
esta decorria da falta de uma boa catequese. No ano
de 1740, escreveu a “Introdução à pregação
evangélica” para incentivar os jovens sacerdotes a
se tornarem pregadores eficazes da fé, evitando o
uso comum de uma inútil retórica, dedicando-se, ao
invés disso, a motivar o coração dos fiéis à
conversão.
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Anônimo, 1747, cerâmica cm. 35x29. Imagem do
Padre Marcucci com vestes de missionário, que
abraça e mostra o crucifixo que levava durante as
missões. No decênio de 1738-1748 pregou 26
missões populares, primeiro na região de Ascoli
Piceno, depois no Abruzzo. No alto, à esquerda,
dentro de uma estrela, o seu slogam: “Amantis
numquam satis”; à direita, o seu emblema com as
insígnias.
Aos 21 anos de idade, teve a inspiração de fundar a
Congregação das Irmãs Pias Operárias da Imaculada
Conceição para que estas perpetuassem o seu amor à
Virgem Imaculada, a qual sempre considerou terna
Mãe, potente Advogada, Medianeira de todas as
graças e sua inspiradora. Para alcançar de Deus a
graça da fundação, dedicou-se à pregação das
missões populares em muitas cidadezinhas próximas
de Ascoli e do Abruzzo. Em abril de 1739, teve a
graça de assistir em Ascoli a pregação de uma
extraordinária missão popular de São Leonardo de
Porto Maurizio e com ele aprendeu muito. Ordenado
sacerdote no dia 25 de fevereiro de 1741,
intensificou com incansável dedicação à pregação
das missões, tanto que, em julho de 1742, o Papa
Bento XIV conferiu-lhe a faculdade de missionário
apostólico. No dia 23 de novembro de 1744, não
obstante as circunstâncias desfavoráveis, o Bispo de
Ascoli Piceno, mons. Tommaso Marana, concedeu a
Marcucci a aprovação para fundar a nova
Congregação. Foi um momento de grande alegria.
No dia 08 de dezembro de 1744, na Igreja dos santos
Vicente e Anastácio, abençoou as primeiras quatro
jovens que davam início à Congregação. Depois,
acompanhadas por uma devota multidão, elas se
dirigiram para o Convento, onde Marcucci as
esperava para entregar as chaves da casa a Maria
Tecla Relucenti, nomeada Superiora.
No ano de 1745, foi aberta a Escola das Pias
Operárias para formar e instruir as jovens de todas as
classes sociais, através de uma cultura sólida e
profunda. O sacerdote Marcucci utilizou todos os
meios para formar as Irmãs, com o intuito de que se
tornassem hábeis professoras e catequistas;
organizou academias, publicou escritos, realizou
debates e pregações, a fim de que a ignorância fosse
vencida e a mulher fosse protagonista desta batalha.
Foi uma missão profética, que ainda hoje as Pias
Operárias procuram realizar nos vários continentes
onde o Carisma é difundido.
Ele tinha 52 anos quando o Papa Clemente XIV, o
franciscano Lorenço Ganganelli, elegeu-o Bispo de
Montalto, Marche. A notícia o surpreendeu e o fez
sofrer muito: sentia-se indigno e estava preocupado
com a Congregação, que, a poucos meses, sofrera
várias perdas: as duas primeiras irmãs, Madre Tecla
Maria Relucenti e a Irmã Maria Giacoma Aloisi,
juntamente com o apoio e o conforto do seu pai, o
advogado Leopoldo, último dos seus familiares.
Na breve permanência em Roma, antes da sua
consagração episcopal, foi para ele de grande
encorajamento a amizade com São Paulo da Cruz.
Este lhe predisse que se tornaria santo e que a sua
pregação produziria muitos frutos. Foi consagrado
Bispo pelo Cardeal Gian Francisco Albani, no dia 15
de agosto de 1770, na Igreja dos Piceni de São
Salvador, em Lauro, Roma. Como Bispo de
Montalto, distinguiu-se logo pelo seu grande zelo
pastoral. Após uma semana da sua chegada na
Diocese, pediu ao Rei de Nápoles Fernando IV para
visitar a parte da Diocese que se encontrava sob a
sua jurisdição. O Rei, informado pelo seu capelão
Maior sobre as boas qualidades do novo Bispo, no
dia 19 de abril de 1771, concedeu a permissão
solicitada e o Régio exequatur sobre suas bulas
pontifícias. Mais ou menos um mês depois da sua
chegada na Diocese (23-30 de novembro de 1770)
mons. Marcucci convocou todos os sacerdotes e
organizou para eles um curso de Exercícios
Espirituais, comunicando-lhes também as linhas
pastorais que entendia seguir no governo da
Diocese. Antes de tudo fortaleceu a autoridade dos
“Vigários Foranei”, orientou-os em suas tarefas e
promoveu a formação dos sacerdotes, instituindo em
cada Setor da Diocese a Academia de Sagrada
Escritura e a Conferência moral dos Casos, para
uniformizar a praxe pastoral do Clero e reavivar o
bom costume de vida cristã. Com aquele sentido de
justiça que lhe era natural, confirmado por uma
preparação jurídica, promoveu uma correta
administração dos bens temporais, das abadias, dos
conventos, das capelanias e das confrarias;
promoveu melhorias em todo lugar, a fim de que os
seus diocesanos, especialmente os pobres, pudessem
ser beneficiados.
No ano de 1772, fez a sua primeira visita pastoral.
Visitou todas as paróquias; chegou até às localidades
rurais e montanhosas mais distantes e isoladas. As
notícias que circulavam, confirmam a sua atenção
minuciosa e exata em tudo: das alfaias dos altares e
das sacristias mais humildes, à atenção solícita para
com todos os fiéis, os membros das várias
confrarias, os sacerdotes e religiosos. A caridade e a
sabedoria foram as virtudes que distinguiram a
gestão geral do ministério episcopal de mons.
Marcucci. Propusera-se transformar a sua Diocese
num jardim. Estava preparando o Sínodo do qual
esperava uma grande e geral renovação espiritual,
quando, no dia 19 de janeiro de 1774, chegou a
notícia da sua eleição a Vicegerente. Teria desejado
ficar ao menos mais alguns meses na Diocese para
concluir o Sínodo, mas o Papa Clemente XIV, talvez
pressentindo a sua morte eminente, almejava a
preparação do Ano Santo em Roma e pediu-lhe que
aceitasse o novo cargo o mais rápido possível.
Mons. Marcucci imediatamente se preparou e partiu
para Roma.
Em uma carta à Irmã Petronilla Capozi, assim
confidenciava os seus sentimentos: “Suspendamos o
Sínodo e os seus preparativos, oh filha, aos pés da
Imaculada Nossa Senhora[...]. A Virgem Mãe de
Deus, Senhora do céu e da terra, chama-nos à
coisas mais altas. Vamos e digamos: Virgem
puríssima, conduza-nos a seguir-te , correremos
atraídos pelo odor dos teus perfumes. Eu não sou
nada, e nada valho, todavia, oh dulcíssima Mãe e
Senhora minha, a ti consagro e a ti ofereço o
coração, os passos, os suores, a vida, tudo e, em
honra ao grande Mistério do teu Imaculado
Concebimento, consagro-me a ti com todo o
coração”. Mons. Marcucci manteve o cargo de
Vicegerente até quando as forças lhe permitiram
(1786), acompanhando também a Congregação e a
Diocese. O Papa Pio VI, sucessor de Clemente XIV,
confirmou-o em todos os encargos e o escolheu
como seu conselheiro e confessor durante a viagem
para Viena, de fevereiro a junho de 1782, quando foi
encontrar-se com o Imperador Giuseppe II. O Papa
concedeu a mons. Marcucci a aprovação perpétua da
Congregação das Irmãs Pias Operárias da Imaculada
Conceição (06 de dezembro de 1777), a aprovação
das Constituições e, no ano de 1780, aprovou o
projeto para a construção do Convento de Ascoli e
da Igreja da Imaculada; esta última foi terminada e
abençoada no dia 13 de setembro de 1795, enquanto
a fúria da Revolução francesa estava profanando os
santuários da Itália setentrional. Consciente da
dificuldade dos tempos, o Servo de Deus confiou a
realização da construção à intercessão de Maria e,
após o êxito de cada etapa da mesma, repetia: “Eis
os milagres de Maria!” Enquanto isso, por causa da
sua saúde muito debilitada, no ano de 1790, obteve a
permissão de transferir-se para o alojamento, que
hoje hospeda o Museu no Convento de Ascoli, de
onde continuou a governar a Diocese. No ano de
1797, os Franceses, que já há alguns anos haviam
entrado na Itália setentrional, invadiram o território
do Estado Pontifício e sequestraram os objetos mais
sagrados, sem respeitar nem mesmo as sagradas
Espécies. Alguns Bispos, fugindo das próprias
dioceses, visitavam o Servo de Deus. No dia 19 de
março de 1798, Ascoli Piceno também foi ocupada
pelas tropas napoleônicas; os soldados escolheram
como quartel as maiores e mais belas Igrejas da
cidade: São Francisco, São Domingos e Santo
Agostinho. Este foi para a Igreja, um momento
difícil.
Igreja da Imaculada Conceição, 24 de julho de
1958: mons. Marcelo Morgante preside a cerimônia
de translação do corpo do Servo de Deus Francisco
Antônio Marcucci, do antigo e primeiro sepulcro,
situado ao centro da Igreja, para a capelinha à
esquerda do altar maior.
Quando no dia 12 de julho de 1798 mons. Marcucci
voltava à casa do Pai, na cidade, infelizmente não
estava o Cardeal Gianandrea Archetti, porque
deportado à Gaeta juntamente com muitos outros
sacerdotes. “Espirou serenamente” – escreve mons.
Francisco Saverio Castiglioni, o futuro Papa Pio
VIII. Tinha então 81 anos. Sua morte foi lamentada
por toda a cidade e por todos aqueles que o
conheceram, especialmente os pobres, mas
certamente quem mais sofreu a sua partida foram as
Irmãs, que perderam um pai espiritual, um guia e um
mestre. O seu corpo repousa na Casa Madre, em
uma pequena capela, à esquerda do altar maior da
Igreja da Imaculada. À Congregação, mons.
Marcucci deixou todos os seus bens materiais e um
grande exemplo de vida consagrada à Maria
Imaculada e à Igreja.
Desde 1962, está em curso o processo de
beatificação de Mons. Francisco Antônio Marcucci.
No mês de setembro de 2003, seis consultores
aceitasse o novo cargo o mais rápido possível.
da Positio sobre sua vida, virtudes e fama de
santidade; no dia 23 de maio de 2005, junto ao
Tribunal eclesiástico do Vigariado de Roma,
concluiu-se o processo diocesano sobre a cura
prodigiosa da Senhora Simonetta Frignani, atribuída
à sua intercessão. O reconhecimento da parte da
Igreja dos seus méritos e das suas virtudes seria um
grande dom para a Congregação, para as crianças e
os jovens que freqüentam as escolas das Pias
Operárias, para a Diocese de San Benedetto-
Montalto-Ripatransone e de Ascoli Piceno e para
toda a Igreja. Maria Imaculada, que sempre foi o
segredo dos êxitos de mons. Marcucci e a força em
todos os seus grandes empreendimentos nos
conceda este dom.
Vigariado de Roma, 23 de maio de 2005: conclusão
do inquérito diocesano sobre o suposto milagre
atribuído à intercessão do Servo de Deus Francisco
Antônio Marcucci. O postulador Padre Luca De
Rosa assina a documentação na presença do
Tribunal Eclesiástico, do Bispo de Ascoli Piceno,
Dom Silvano Montevecchi, da Superiora Geral,
Madre Roberta Torquati, e da ex-superiora geral,
Madre Giacinta Beltrami.
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